(Foto: Tom Leentjes) |
Seu último álbum de estúdio se chama "Nomad" (2013). Ele foi produzido por Dan Auerbach, do Black Keys, que fez questão de convidá-lo para fazer o registro em seu estúdio em Nashville, nos Estados Unidos.
A conexão Agadez-Nashville foi um sucesso. Ela ampliou o alcance de Bombino e, nos últimos anos, criou uma grande expectativa pelo próximo trabalho. A boa notícia é que tudo já está pronto: "Azel" será lançado no dia 1º de abril. Dessa vez, a produção ficou sob responsabilidade de Dave Longstreth, do Dirty Projectors.
O "Jimi Hendrix" do deserto
Antes de falar de "Azel", um pouco sobre a história de Bombino torna sua obra ainda mais interessante. Ele nasceu em um acampamento Tuareg, em meio a perseguições do governo do Níger, e viveu boa parte da juventude como refugiado na Argélia e na Líbia. A atmosfera desfavorável não impediu que o jovem pastor de cabras aprendesse a tocar guitarra ouvindo bandas africanas como Tinariwen e Terakaft, que já faziam uma mistura de blues, rock e ritmos tuaregues, além de nomes mais conhecidos do universo pop, como Jimi Hendrix e Mark Knopfler. As influências roqueiras renderam a Bombino apelidos como "Jimi Hendrix do deserto" e "Dick Dale do Saara".
Em 2007, quando já se apresentava profissionalmente e havia retornado ao seu país, precisou se exilar mais uma vez, dessa vez em Burkina Faso. Dois amigos músicos foram mortos por tropas do governo e a guitarra foi proibida por ser considerada um símbolo da Rebelião Tuareg.
Festival Mimo: Bombino se apresentou no Rio de Janeiro, em novembro de 2015 (Foto: Rogério von Kruger/Mimo/Divulgação) |
Reconhecimento
A história de Bombino ganhou mais visibilidade quando Dan Auerbach, vocalista e guitarrista do Black Keys, produziu o álbum "Nomad". Na capa, o motociclista cruzando o deserto traduz a experiência da audição. Para nós, leigos no dialeto Tamasheq, ouvir esse disco é como pegar uma carona de olhos fechados.
Não é preciso entender o idioma para ser envolvido pelos temas políticos e melancólicos das canções. É possível identificar os ecos de Mark Knopfler, Jimi Hendrix, J.J. Cale e John Lee Hooker. Imagine todas essas referências na percepção de alguém que cresceu no norte da África e tem a música local no sangue! Dá para notar também uma pontinha do próprio Black Keys, o que naturalmente indica uma forte colaboração de Auerbach ao trabalho.
Discografia recente: "Nomad" foi lançado em 2013 e deu visibilidade a Bombino. "Azel" é aguardado para 1º de abril |
O próximo passo na carreira de Bombino é "Azel", álbum de estúdio que será lançado no dia 1º de abril. Algumas músicas já foram reveladas, como "Inar (if you know the degree of my love for you)", "Timtar (memories)" e "Akhar zaman (This moment)". Dave Longstreth, assim como Dan Auerbach, se mostra reverente à arte de Bombino, mas novos elementos e ritmos são incorporados. Um deles é o "Tuareggae", a mistura da música Tuareg com reggae. "Timtar (memories)" é o melhor exemplo.
Outras novidades são o uso de alguns vocais com harmonias ocidentais e a participação da cantora Mama "Mahassa" Walet Amoumene, de uma banda Tuareg inteiramente composta por mulheres chamada Tartit.
Após o lançamento de "Azel", Bombino cai na estrada novamente, o que não é nenhuma novidade para esse "nômade global", como ele mesmo se define. O objetivo é promover a paz e a cultura Tuareg, mas sua mensagem se revela ainda mais urgente nos tempos atuais. "Especialmente agora que há muçulmanos refugiados pelo mundo todo é importante que artistas lembrem ao público sobre nossa própria humanidade", reflete o músico. "Como artista Tuareg e ex-refugiado, eu entendo como esse problema é complicado, assim como o racismo e todo tipo de pressão social. Sinto que minha música é mais importante do que nunca".
0 comentários:
Postar um comentário