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16 de fev. de 2016

The Baggios na Virada Cultural Paulista (foto: Snapic)
Quem ainda não ouviu The Baggios está marcando bobeira. Com pouco mais de 10 anos de carreira, os sergipanos fazem o melhor rock'n'roll do Brasil. O reconhecimento de público e crítica vem crescendo nos últimos anos e a prova disso são as conquistas recentes do duo independente formado por Julio Andrade (voz e guitarra) e Gabriel Carvalho (bateria). Em 2013, o álbum "Sina" foi eleito um dos melhores do ano pela revista Rolling Stone. No fim de 2015, a primeira turnê internacional abriu horizontes e rendeu uma parceria a ser lançada nos próximos dias com a banda mexicana Los Daniels. O próximo passo é um show no festival Lollapalooza, dia 12 de março, em São Paulo. E vem mais por aí.

Julio e Gabriel estão em estúdio com o parceiro Rafael Ramos, da Coutto Orchestra, gravando o terceiro álbum de músicas inéditas da Baggios. Oficialmente, a banda não virou um trio, mas a atuação contínua de Rafael tocando órgão e baixo sintetizado nas gravações e shows permite novas experiências. "Isso está criando uma amplitude maior de possibilidades de arranjos de guitarra, bateria e linhas vocais", explica Julio. "Estou mais livre pra criar arranjos menos crus. Vai ficar rock, mas com arranjos mais complexos", detalha.

Os fãs que gostaram do ar conceitual de "Sina" podem ficar animados. O trabalho se aprofundará nesse sentido, conservando uma unidade entre as canções e apresentando histórias inspiradas em temas universais. "Ele vai se passar numa cidade fictícia com vários problemas que a gente sofre em nossas vidas. É o cotidiano do mundo contemporâneo", releva Julio. 

O álbum será lançado no primeiro semestre deste ano, mas as músicas novas já podem ser ouvidas nos shows. O Lollapalooza será a principal vitrine, mas não faltam oportunidades para ver a banda de perto. Uma delas é o festival Rio Novo Rock, que acontecerá no dia 3 de março, no Imperator, tradicional casa do Rio de Janeiro que vem prestigiando a cena roqueira. 

Julio não esconde a animação. "É uma iniciativa muito boa porque leva ao Rio bandas que estão circulando nacionalmente, mas também bota as bandas locais pra fazer um intercâmbio". 

A sequência de 2016 é mesmo animadora. Os shows que a banda fez no México no ano passado podem se repetir no segundo semestre. Foi por lá que eles também receberam convites para se apresentar no Chile e Colômbia. Haja fôlego! 

A entrevista completa que fiz com Julio Andrade está logo abaixo.

The Baggios ao vivo no Teatro Tobias Barreto, Aracaju (divulgação)
PH: Lembro da sua felicidade ao anunciar o show da Baggios no Lollapalooza. Preparado para fazer uma apresentação antológica?

Julio: A notícia pegou a gente de surpresa, ficamos muito felizes. Ficamos preocupados cuidando do que a gente poderia apresentar no show, já que estávamos compondo músicas novas e estudando o formato da banda com baixo e órgão. 

PH: O público vai ouvir músicas novas?

Julio: A gente vai usar essas músicas novas que estamos ensaiado pro próximo álbum. Possivelmente, a gente vai montar o set baseado no DVD de 10 anos ("10 anos depois" - 2015), que tem músicas de todas as fases da banda, mas também estrear esse formato em trio com um músico convidado, que é o Rafael Ramos, da Coutto Orchestra. Ele vai acompanhar alguns shows, inclusive no Rio. A gente vai fazer metade do show no formato duo e outra metade em trio com músicas novas.

PH: A turnê que vocês fizeram no México rendeu uma colaboração com a banda Los Daniels e vários comentários positivos. Qual foi a lição da experiência no exterior?

Julio: A primeira turnê fora do país foi uma experiência forte. Fomos muito bem recebidos pelos mexicanos e pudemos conhecer a cultura deles. Eu já estava criando uma expectativa, mas o país me surpreendeu ainda mais. O público tem uma identidade forte com a música brasileira. A gente tem uma pegada rock, mas também tem muito da música brasileira. E percebi que a galera dá muito valor à língua portuguesa. Eu vi muitas pessoas tentando falar português. Isso já é uma demonstração de respeito. Essa colaboração com o Los Daniels foi muito boa porque eles já têm um público forte no México, mas lá eu pude conhecer outras bandas boas também.

PH: Teremos mais turnês internacionais neste ano?

Julio: Esse pontapé criou mais expectativa para novos shows, rendeu convites para voltar ao México e pra tocar na Colômbia e no Chile. Então a gente está programando o disco pro primeiro semestre, mas, possivelmente, no próximo semestre, voltaremos a fazer shows no exterior.

PH: Quando sai o single com o Los Daniels?

Julio: A gente está em fase de mixagem desse material. Devemos lançar antes mesmo do Lollapalooza. 



PH: E falando em experiências, já li que a banda pretende explorar novos sons no próximo álbum de estúdio. Que pistas você pode revelar aos fãs? 

Julio: A gente está num processo de experimentos. Já ensaiamos quase 30 músicas novas, estamos refinando pra escolher a metade delas e entrar no estúdio com essa definição. Começamos a compor em duo e agora estamos com o Rafael fazendo baixo sintetizado e órgão. Isso está criando uma amplitude maior de possibilidades de arranjos de guitarra, bateria, linhas vocais... Acho que o disco vai trazer mais novidades do que a passagem do primeiro álbum pro segundo, saca? Vai ter um elemento mais firme na banda que é o órgão e o baixo. Estou mais livre na guitarra pra poder criar arranjos menos crus. Vai ficar rock, mas com arranjos mais complexos se comparado aos outros trabalhos. 

PH: São Cristóvão continua sendo sua maior fonte de inspiração?

Julio: São Cristóvão é uma inspiração, mas nesse disco não será de forma tão direta porque eu estou abrangendo um tema que é muito universal. A gente está criando o conceito do álbum. Ele vai se passar numa cidade fictícia com vários problemas que a gente sofre em nossas vidas mesmo. É o cotidiano do mundo contemporâneo. Em São Cristóvão eu presenciei algumas situações, mas eu acabei me sensibilizando também com coisas que aconteceram no mundo todo. 

PH: A banda vai virar definitivamente um trio?

Julio: A banda não será oficialmente um trio, ela continuará sendo eu e o Gabriel, mas, nessa nova fase, estaremos com um músico, que pode ser o Rafael em alguns shows, mas pode ser outro convidado. Queremos manter firme um músico pra não mudar muito. A gente está compondo e ensaiando com o Rafael, então creio que a gente vai manter a banda sempre nesse formato de guitarra, bateria, baixo e órgão.

PH: Que sons você anda ouvindo nos últimos tempos? Algum artista contemporâneo ou das antigas vem exercendo alguma influência nessa nova leva de composições?

Julio: Eu tenho ouvido muitas coisas brasileiras nos últimos anos. Entre "Sina" e esse novo álbum são quase três anos de intervalo. Ando ouvindo Arnaud Rodrigues, Alceu Valença, Paulo Diniz, Zé Ramalho, Sá, Rodrix e Guarabyra, coisas clássicas. Acabei também pesquisando coisas gringas que passei a estudar como Santana e artistas latinos como o argentino Luis Spinetta. Ele teve uma banda chamada Pescado Rabioso que me identifiquei muito, com uma onda próxima do que era feito no Brasil nos anos 70, aquele rock mais pesado. Outro guitarrista que pirei é o Bombino, que é de Niger, numa região perto do deserto do Saara. Ele é conhecido mundialmente como o Jimi Hendrix do deserto e é um dos caras que mais me surpreendeu em termos de guitarra. Outras bandas que descobri há pouco tempo e curto muito são o White Denim e Syd Arthur. Tem Buffalo Killers, Daniel Norgren, com uma pegada mais country e jazz... Esses caras me influenciam pra compor coisas novas. Sempre tenho um pé lá nos clássicos misturado com essas coisas novas.

PH: A Baggios faz show no festival Rio Novo Rock, no começo de março. Já conhece o Imperator? A cena rock da cidade vem se fortalecendo nos últimos anos...

Julio: Não conheço o Imperator, mas sei que é um lugar lendário que já recebeu shows grandes. Tô muito empolgado porque vai ser a maior apresentação que a gente vai fazer no Rio depois de tocar em casas de pequeno porte, como o Audio Rebel e o Saloon. Vamos chegar na cidade com álbum e formato de show novos. No ano passado não fomos à cidade, mas isso é legal porque cria uma distância de tempo pra galera ficar com saudade do show. Esse evento é uma iniciativa muito boa porque leva ao Rio bandas que estão circulando nacionalmente, mas também bota as bandas locais pra fazer um intercâmbio, muito bom!

1 comentários:

Anônimo disse...

Sempre desejo muito sucesso para esta banda! Me apaixono cada vez mais a cada entrevista!!! Parabéns, The Baggios!