Distant relatives

O grande trunfo da parceria entre Nas e Damian Marley em Distant relatives é conseguir caminhar em um terreno da música pop cheio de armadilhas sem cair em nenhuma delas. Eles vão fundo em duas propostas que soam pra lá de manjadas. A primeira é fazer um trabalho conceitual sobre raízes africanas e as mazelas que assolam o continente. A segunda é misturar hip hop, rap, reggae e samplers de música africana. O resultado é inspirado, cheio de boas melodias e prova que a riqueza da temática ainda dá caldo.

Damian "Junior Gong" Marley - o nome já diz tudo - é o filho mais novo do homem. Lançou poucos, mas elogiados álbuns em mais de dez anos de estrada. Nas é o caso do rapper que construiu uma boa reputação caminhando entre vários figurões da música pop. Uma prévia da parceria já havia acontecido cinco anos atrás, em Road to Zion, faixa do álbum Welcome to jamrock, último trabalho solo de Damian. Consolidados e maduros, os dois músicos se reencontraram em 2008 e desde então trabalhavam neste projeto que saiu em maio deste ano.

A lista de participações não chega a ser imensa como manda a cartilha do gênero. Stephen Marley, irmão de Damian, está em Leaders e In his own words. O rapper somali K'naan, famoso por causa da música-tema da Copa do Mundo, aparece em Tribal War e Africa must wake up. O reggaeman Dennis Brown representa o estilo cantando e tendo uma antiga entrevista sua sampleada em Land of promise. E, finalmente, Lil Wayne e Joss Stone engrossam o coro de My generation. Parafraseando Vinicius de Moraes, a loira tenta reafirmar sua posição de "branca mais negra" do pop internacional.

As músicas exploram aquilo que se espera da proposta do álbum: esperança, revolta, alerta aos governantes, paz espiritual, cantos ancestrais. Tudo misturado a bases chapadonas e samplers com bastante equilíbrio. Africa must wake up, a faixa que encerra o disco, não está ali à toa. Ela traz a reflexão central sobre o continente nos dias atuais e provoca o ouvinte: Africa must wake up/ The sleeping sons of Jacob/ For what tomorrow may bring…/ May a better day come/ Yesterday we were Kings/ Can you tell the young ones/ Who are we today?

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