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26 de fev. de 2012

Após um ano produzindo o MultiRock Brasil, programa que vai ao ar na rádio Multishow FM, resolvi criar uma lista com dez bandas essenciais para entender o novo rock brasileiro. Priorizei nomes com potencial radiofônico - ou algo próximo disso - justamente para provar que é possível aliar peso, qualidade e uma pegada acessível a todos os públicos.

É estranho como o interesse pelo rock diminuiu nos principais meios de comunicação. As grandes gravadoras perderam força, outros estilos musicais passaram a atrair a atenção das pessoas e houve um esvaziamento no discurso dos principais artistas que se firmaram a partir deste século. Essas são algumas razões normalmente apontadas para a queda do interesse pelo rock no Brasil. Por outro lado, nossos velhos roqueiros deixaram um legado riquíssimo após a consagração popular do estilo nas décadas de oitenta e noventa. Para onde foi toda a inspiração e atitude? A explicação mais aceita é que elas se disseminaram por outros gêneros musicais, como o rap e o hip hop, e se estabilizaram hoje na cena independente. 

A verdade é que o BRock nunca deixou de ser criativo, mas só de uns tempos para cá a organização dessa cena independente está permitindo a apresentação de novas caras de uma forma mais profissional e auto-sustentável. Algumas gravadoras já apostam em selos alternativos, como a Deckdisc e a Som Livre, mas o investimento ainda é baixo. Vamos acompanhar os próximos passos... Quem sabe o grande público abraça a ideia e redescobre esse tal de roquenrol?

Então chega de papo e vamos às novas bandas imperdíveis. Obviamente, a lista é pessoal e apresenta apenas alguns destaques. O cenário é maior!



A banda baiana apareceu em 2009 com o álbum "Nem sempre tão normal" e arrebatou muitos fãs com a irresistível música "Fora Mônica". Eles acabam de lançar "O pensamento é um imã", trabalho que une o peso das primeiras composições, belos arranjos e letras inspiradíssimas. "Nostalgia" e "Silas" já nasceram como hinos roqueiros.



O que mais impressiona no duo formado por Júlio Andrade e Gabriel Carvalho não é só o peso, mas sim a inspiração recorrente: os lugares e as pessoas de uma cidade do Sergipe chamada São Cristóvão. Quem não tem um 'Morro da Saudade' em sua vida? E quem não identifica o seu boteco preferido em 'Candangos Bar'? O som dos caras é o encontro do Rio Mississipi com o Rio São Francisco.



No ano passado, a banda lançou o belo "O segundo depois do silêncio", trabalho que reflete a mudança do Acre para São Paulo. O silêncio foi a fonte de inspiração dos integrantes, mas... Como alguém pode se inspirar no silêncio em plena São Paulo? O resultado é um trabalho intimista e reflexivo. 



"Goiânia Rock City" não tem esse apelido à toa. Há tempos a capital de Goiás apresenta uma cena roqueira poderosa e o Black Drawing Chalks é um dos nomes mais celebrados. O incrível clipe de "My favorite way" (2009) ajudou a popularizar a banda fora do meio roqueiro, mas não se engane: o som é pesado, contagiante e perfeito para embalar altas bebedeiras.



O trio liderado por Nevilton de Alencar faz um power pop irresistível. As guitarras explodem em refrões contagiantes e as letras sempre apresentam alguma boa sacada. O álbum "De verdade", lançado no fim de 2011, mostra que a banda tem muito potencial a desenvolver.



Após um início de carreira meio imaturo, a banda deu a volta por cima e lançou dois álbuns de alto nível: "Polisenso" (2008) e "Alegria compartilhada" (2011). A mistura de rock com grooves de metais e batidas eletrônicas parece ter encontrado equilíbrio no último trabalho, que tem a produção de Daniel Ganjaman.



O som do trio gaúcho é feito para quem curte o bom e velho rockão setentista. Tony Iommi e Jimmy Page ficariam orgulhosos, mas o Rinoceronte traz ainda boas letras e uma produção impecável. O álbum "Nasceu" (2010) é visceral, uma porrada na cara de quem anda descrente do rock brasileiro. 



A banda baiana se aprofunda numa mistura de rock e MPB popularizada pelo Los Hermanos no começo do século. A diferença é que o Maglore tem um acento mais pop e passa longe da notável arrogância de alguns integrantes da banda carioca. Além de caprichar nas composições, a banda conta com a voz marcante de Teago Oliveira. 



Dividida entre Goiânia e Brasília, a banda é uma das grandes sensações do cenário independente de 2012. "House of tolerance", o álbum de estreia, apresenta belos vocais e timbres de guitarra que lembram as melhores bandas dos anos noventa. Aliás, o Cambriana representa com louvor a tendência mundial de resgate à década, mas o trabalho aponta para o futuro... Vale conhecer o som!



O trio de Cuiabá impulsionou o interesse por bandas de rock instrumental no Brasil. Eles não foram os primeiros a apostar no formato e, certamente, não serão os últimos, mas o álbum "Artista igual pedreiro" (2008) pode ser considerado um marco para bandas novas que buscam liberdade artística e reconhecimento.

1 comentários:

Rinoceronte disse...

Bacana demais Pedro. Honra figurar nessa turma aí! Sucesso brother. Abração