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18 de mai. de 2010

Eu estava no meio de um plantão de domingo, na Rádio Globo, quando soube da morte de Ronnie James Dio. Juro que por alguns minutos fiquei meio desorientado, como nunca havia ficado ao receber esse tipo de notícia sobre algum ídolo. Foi um pouco estranho, especialmente porque há quase exatamente um ano (17 de maio) eu fui ao show dele com o Heaven & Hell (reedição de umas das formações do Black Sabbath) aqui no Rio e fiquei muito feliz em ver ao vivo esse senhor de 67 anos, 1,63 metros e pique invejável em pleno ofício. A causa da morte foi um câncer no estômago que ele tratava desde o fim de 2009.

Apesar de pouco conhecido fora do universo roqueiro, Dio é uma lenda. Fez álbuns clássicos no Rainbow, Sabbath e posteriormente na carreira solo. Além de tudo era carismático e imortalizou o gesto dos "chifrinhos" com as mãos, aquele que logo virou símbolo da cultura
headbanger e roqueira em geral.

Entre as esperadas homenagens que estão rolando na internet, chama a atenção a carta aberta de Lars Ulrich, baterista do Metallica, conhecido no meio por sua personalidade durona. Segue na íntegra:

Caro Ronnie,

Acabei de sair do palco em Zagreb. Acabei de saber da notícia que você faleceu. Eu estou em estado de choque, mas eu queria que você soubesse que você foi uma das principais razões de eu estar nesse negócio, para começar.

Quando eu o vi pela primeira vez com o Elf, abrindo para o DEEP PURPLE em 1975, eu estava completamente encantado pelo poder de sua voz, sua presença no palco, sua confiança, e a facilidade com que você parecia se conectar com 6.000 pessoas dinamarquêsas e um sonhador de 11 anos de idade, a maioria dos quais não estavam familiarizados com a música do Elf. No ano seguinte eu fiquei tão empolgado quando ouvi as notícias de que uniria forças com o meu guitarrista favorito. Vocês soaram tão bem juntos e eu instantaneamente me tornei o fã nº 1 do Rainbow na Dinamarca.

No outono de 1976, quando você fez seu primeiro show em Copenhagen, eu estava literalmente na fila da frente e as duas vezes que fizemos contato com os olhos você me fez sentir como a pessoa mais importante do mundo. A notícia de que vocês ficariam hospedados na cidade no seu dia de folga embutiu em mim de alguma forma, no meu cérebro, e eu fiz a peregrinação ao Hotel Plaza para ver se eu poderia de algum modo pegar uma foto, um autógrafo, um momento, qualquer coisa. Poucas horas depois você saiu e foi muito gentil e atencioso... fotos, autógrafos e alguns minutos de brincadeira casual. Eu estava no topo do mundo, inspirado e pronto para qualquer coisa. O RAINBOW veio a Copenhagen mais algumas vezes ao longo dos próximos anos e cada vez que vocês estiveram aqui, a banda fundiu minha mente, e por uns bons três anos, foram a minha banda favorita absoluta no planeta.

Ao longo dos anos tive a sorte suficiente de me encontrar com você uma meia dúzia de vezes ou menos e cada vez você estava tão amável, atencioso e gentil como você estava em 1976, fora do hotel.

Quando finalmente tivemos a chance de tocar juntos na Áustria em 2007, eu estava literalmente voltando a ser aquele moleque seboso que você conheceu e inspirou 31 anos atrás e foi uma baita honra e um sonho partilhar um palco com você e com o resto das lendas do HEAVEN & HELL.

Um par de semanas atrás, quando eu soube que você não ia ser capaz de se apresentar conosco no Sonisphere, em junho deste ano, eu quis te ligar e deixá-lo saber que eu estava pensando em você e desejando-lhe o bem, mas eu meio que me acovardei, pensando que a última coisa que você precisava em sua recuperação era se sentir obrigado a atender um telefonema de um baterista dinamarquês/fanboy. Eu hoje gostaria de ter feito essa ligação.

Vamos sentir sua falta imensamente nestas datas, e estaremos pensando em você com grande admiração e carinho durante esse prazo. Parece-me bom tê-lo em turnê com o chamado 'Big Four' pois, obviamente, você foi uma das principais razões de as quatro bandas terem existido.

Suas orelhas se queimarão durante essas duas semanas, porque todos nós vamos estar falando, relembrando e contando histórias sobre como ter te conhecido fez a nossa vida muito melhor.

Ronnie, sua voz me impactou e deu poderes, a sua música inspirou e influenciou-me, e sua bondade me tocou e me comoveu.

Obrigado.

Muito amor.

Fonte: Whiplash.net

Pensei muito na música para fechar o post, mas fico com Rainbow in the dark mesmo. Não porque é a mais conhecida, mas porque é emblemática. E dizem que ela quase ficou de fora do Holy Diver... Imagina! Ah! Esqueçam os trajes ridículos da época...



2 comentários:

Anônimo disse...

Uma perda que não dá pra consertar. Um mestre que se foi.

A carta do Lars é realmente emocionante, um cara tido como egocêntrico e babaca, escrever um texto desses é revelador.

Abraços!

Anônimo disse...

obrigada por linkar o doo-woop, foi legal a surpresa de ver link num blog bacana como o seu. vou colocar um link no doo-woop pra cá. thanks