
O comentário vem meio atrasado, mas não dá para deixar de comentar mais uma passagem do Franz Ferdinand pelo Brasil. Pelo menos aqui no Rio, os shows anteriores foram considerados antológicos, e de tanto lamentar minha ausência nessas ocasiões, decidi que não poderia perder mais uma apresentação dos escoceses.
Mas eu não vou me prender ao show dos caras para não cair em obviedades. Basta ouvir um pedacinho de cada um dos três álbuns lançados até o momento para sacar que as músicas são irresistíveis ao vivo, mesmo que o repertório do primeiro disco homônimo ainda chame mais a atenção e tenha a preferência do público.
Passado o frisson do momento e diante do que representa o Franz Ferdinand, comecei a pensar um pouco sobre a cara do universo pop roqueiro da última década. Numa rápida pesquisa pela internet, dá pra perceber que a discussão pega fogo, e não é de hoje! Afinal, qual é a cara do som dos anos 2000? Será que dá pra apontar tendências e nomes dominantes nesta primeira década?
Nesse boteco musical, existem basicamente dois grupos na roda de discussão: os que superestimam o Strokes e as dezenas de bandas-sensações da década, entre elas o Franz Ferdinand, e os que subestimam o Strokes e tudo que veio depois. Nesse segundo grupo, há quem ache que o Radiohead ainda é maior banda da Terra (se é que um dia ela foi) desde a cena grunge.
Tenho comigo alguns parâmetros:
1 - Não devemos cair no erro primário de comparar artistas de épocas diferentes. A indústria mudou e a forma de consumir música também mudou radicalmente. Ponto óbvio.
2 - Não existem bandas salvadoras ou unanimidades, mas há discos emblemáticos e bem legais de nomes que em algum momento foram apontados como sensação. Não faltam exemplos. Temos o Is This It, do Strokes; Fever to Tell, do Yeah Yeah Yeahs; Up the Bracket, do Libertines; Song for the Deaf, do Queens of the Stonage; Dear Science, do TV on the Radio; Funeral, do Arcade Fire; Elephant, do White Stripes e, finalmente, o álbum homônimo de estreia do Franz Ferdinand. Só para provocar, eu incluiria nessa lista discos de Kaiser Chiefs, Kasabian, Arctic Monkeys, Vampire Weekend e, para meu contragosto, Coldplay.
3 - A diferença entre franca inspiração e cópia também dá muito pano pra manga. Quantos emuladores de Joy Division existem por aí? E de Beatles? E de Nirvana? E de New Order? E de Talking Heads? Até que ponto devemos ser tão rigorosos com esse excesso de reverência? Tem muito artista genial na história que conseguiu imprimir uma marca pessoal em meio a trocentos clichês do gênero pop rock. Confesso que já fui mais radical com isso.
Eu fico com as bandas citadas acima, mas ainda assim faltam artistas com carreiras mais sólidas e relevantes. Duvido que alguém não tenha torcido o nariz para algum nome dessa listinha feita de uma hora pra outra. Eu mesmo torci, veja só: o Coldplay tem uma carreira muito consistente, mas o som e a postura da banda estão longe de serem as mais instigantes do mundo. Pelo menos pra mim. E naturalmente eu deixei de lado gente muito boa pra concentrar num cenário roqueiro, mas de veia pop.
Foto: Agência O Globo.
Foto: Agência O Globo.
2 comentários:
Prabéns pelo conteúdo do blog, velho!
Sempre que preciso de algumas informações extras pra algumas reviews venho aqui.
Adicionei-te como parceiro, ok?
Oi, PH! Sobre a sugestão do piano, estamos dentro! hehe
Violão seria tb a minha única alternativa, não sei tocar mais nada, kk =P
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