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18 de mai. de 2009


Todo headbanger brasileiro que se preze já sabia que o mês de maio reservava um daqueles encontros raros e mágicos com a origem de tudo, a gênese, a pedra inicial do que mais tarde seria conhecido como Heavy Metal. O Heaven & Hell, uma espécie de Black Sabbath disfarçado, faria cinco shows em nosso solo com atrativos de sobra até para quem não conhece profundamente o trabalho dos caras.

Antes que peguem no meu pé, esclareço: nunca fui nenhum headbanger convicto e nem levo jeito pra isso. Mas, quando a música é boa, tento me infiltrar na tribo e finjo que sou íntimo dela na maior cara-de-pau… Mas voltemos ao show!

O Heaven & Hell nada mais é do que a reunião da segunda formação do Sabbath, com Tony Iommi (guitarra) e Geezer Butler (baixo), membros originais, Ronnie James Dio (vocal) e Vinnie Appice (bateria). O repertório engloba apenas os discos do Sabbath com Dio: Heaven and Hell (1981), Mob Rules (1982), Dehumanizer (1992) e o recém-lançado The Devil You Know (2009). Os atrativos do show podem ser resumidos na seguinte lista:

- Iommi e Butler praticamente fundaram uma instituição chamada heavy metal. O primeiro desenvolveu uma nova maneira de criar temas de guitarra com extrema criatividade e o segundo popularizou as histórias de terror, ocultismo e outras mandingas nas letras de rock;

- Dio é um dos melhores e mais carismáticos cantores de rock que já pisaram na Terra. Ainda que hoje ele carregue 67 anos nas costas e sua voz esteja um pouco mais rouca, no palco o bicho pega!

- O Sabbath se reinventou nos álbuns com Dio. Os fãs xiitas da fase Ozzy podem me condenar, mas Heaven and Hell, o disco, é uma das melhores bolachas da história do rock.

Fui conferir a apresentação do Rio, a última da turnê brasileira, que rolou no domingo, dia 17/05, no Citibank Hall. No horário previsto para o início do show, a casa fez de tudo para esfriar os ânimos do público. Além do atraso de cerca de meia hora, todos tiveram que aguardar um irritante teste de luz minutos antes da atração da noite. O clima estava quebrado, mas quando as luzes finalmente se apagaram e o sistema de som executou a introdução E5150 (“evil” em numerais romanos), todos já sabiam que estavam abertos os portões do inferno!

A pesadíssima The Mob Rules veio na sequência. Lembrei de uma aula de história na escola em que o professor – nem era roqueiro, imagina – usou essa música pra falar de Revolução Francesa. Imagine as patricinhas e a playboizada de cabelo em pé com Dio e companhia quebrando tudo na exaltação às “leis da plebe”. Antológico!



A banda alternava músicas indispensáveis, como Children of the Sea, Die Young, Heaven and Hell e Falling of the Edge of the World com poucas faixas do nome álbum. Da nova safra, apenas as excelentes Bible Black, Fear e Follow the Tears marcaram presença. Não sei se foi só impresão minha, mas achei o set list curto. No bis, o público teve que se contentar com Neon Knights, o que já é um tremendo bis, mas ainda assim é apenas uma música.

Esperava ouvir os discos Heaven and Hell e Mob Rules quase inteiros, já que a proposta da banda é resgatar uma fase bem específica de sua trajetória. Acredito até que poderia haver mais músicas novas. The Devil You Know vem recebendo muitos elogios e faixas deixadas de lado como Eating the Cannibals, Atom & Evil e Double the Pain mostrariam que esses senhores sexagenários ainda dignificam o rock pesado.

Um cartaz levado pelo público deixava claro esse reconhecimento e devoção pelos integrantes. O recado dado em inglês ao guitarrista Tony Iommi resume a missão cumprida pelos membros da banda ao longo de muitos anos: “Obrigado por criar e sustentar o heavy metal”. Valeu mesmo!

No vídeo, a música Falling Off the Edge of the World pelo ângulo dos fãs que registraram tudo. Dessa vez não consegui filmar nada, mas o Youtube está aí pra isso.

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1 comentários:

Anônimo disse...

Excelente resenha PH! Pena que palavras não possam expressar o quanto esse show foi bom, com certeza um show para guardar na memória! O pior é pensar que talvez nunca mais a gente, aqui em Terras Brazillis, venhamos a ver outro desses!

Abraços