:::: MENU ::::

17 de dez. de 2008

O Fala Vitrola! estava empoeirado, fechado pra obras, como sempre. Após quase seis meses de abandono, tento retomar minhas atividades. Quem ainda lê o blog já deve ter percebido que a preguiça sempre impera na hora de engrenar as postagens. Portanto, sem pretensão alguma, bem devagar, estou de volta.

Já que estamos no fim de 2008, que tal falar de alguns lançamentos que marcaram o ano?

Aqui no Brasil, a aguardada estréia solo do ex-Los Hermanos Marcelo Camelo finalmente saiu. A crítica e os fãs do barbudo adoraram o álbum Sou, título que de cabeça pra baixo se lê "nós". Eu achei o resultado absolutamente previsível. O trabalho é exatamente o que todos esperavam do compositor: Violão, banquinho, despretenção, intimismo, marchinhas... Até as viagens instrumentais do Hurtmold, a luxuosa banda de apoio, caem como uma luva na chatice do hermano. Como diria o Lobão, uma paumolescência só.

Aliás, vamos ao momento fofoca: O Camelo merece o título de mané do ano, convenhamos. Fez um disco de canções de ninar e caiu de amores por Mallu Magalhães, a cantora de 16 anos que canta a obra inteira de Bob Dylan e Johnny Cash, mas ainda tropeça na própria língua quando abre a boca. E pior: Fontes confiáveis garantem que a ex do Camelo é um excelente partido, gente finíssima, linda, etc. Enfim, um parágrafo irrelevante.

Rodrigo Amarante, parceiro de Camelo na ex-banda, também mergulhou em outro projeto. Foi de mala e cuia para os EUA e se juntou a Fabrizio Moretti, baterista do Strokes, e a Binki Shapiro, cantora e namorada de Moretti. Os três formaram o Little Joy e acabam de lançar álbum homônimo. O resultado não chega a ser animador, mas o tipo de som é bem mais surpreendente do que a empreitada de Camelo.

Bacana mesmo é o disco do Tom Zé (foto 1). O baiano lançou o último capítulo da sua "trilogia" da música brasileira. Depois de Estudando o Samba (1976) e Estudando o Pagode (2003), ele apresenta ao mundo Estudando a Bossa. Parece oportuno e pode até ser. Mas o disco é bom demais, como tudo que Tom Zé anda fazendo nos últimos anos. As músicas abusam da metalinguagem com muito humor e ironia, marcas da obra do compositor. E ainda tem as participações de Mônica Salmaso, Marina De La Riva, Fernanda Takai, David Byrne e quatro parcerias com Arnaldo Antunes. Um bom exemplo do olhar de Tom Zé sobre a bossa é esse trecho da letra de João nos Tribunais:

Se João Gilberto/ tivesse um processo aberto/ e fosse nos tribunais/ cobrar direitos autorais/ de todo o samba-canção/ que com a sua gravação/ passou a ser bossa nova,/ qualquer juiz de toga,/ de martelo e de pistola,/ sem um minuto de pausa/ lhe dava ganho de causa./ "Chega de saudade" – veja o caso deste sama/ gravado em 58/ por Elizeth Cardoso,/ "pela pátina crestado":/ Vinícius ficou gamado./ 0 biscoito da Cardoso/ foi divino, foi gostoso,/ mas era um samba-canção lindo/ e nunca passou disso não.

Agora vamos sair do Brasil. Uma banda que ainda é pouco falada por aqui, mas desde 2006 é sensação na Inglaterra é o The Kooks (foto 2). O nome é inspirado numa música de David Bowie do álbum Hunky Dory (1973). Esse foi só o primeiro ponto pra banda. Neste ano eles lançaram Konk. O trabalho é um prato cheio para animar festinhas e levantar multidões com um rock’n’roll direto, cheio de refrões grudentos e capaz de agradar a todos os gostos, até porque, pra quem sabe o signifificado de um bom rock, essas característicias não diminuem a competência de ninguém!

Entre as mulheres, tivemos uma onda de "aspirantes" a Amy Winehouse. Pelo menos é o que a mídia martelou por aí. Se 2007 foi a consagração popular da talentosa aloprada, 2008 foi o ano da busca pela sucessora. A indústria musical é oportunista e curte humor negro. Se Amy bater as botas, quem vai ocupar sua lacuna? Algumas cantoras surgiram com muita personalidade, outras nem tanto. Quem tomou de assalto as paradas foi a galesa Duffy. O hit Mercy é irresistível, assim como a maioria das faixas de Rockferry, o debut da cantora. Mas não sei, as referências muito explícitas ao soul e a produção que conserva um clima retrô me dão a sensação de que estou diante de um prato requentado... Mesmo assim, vale a pena conferir.

A inglesa Adele (foto 3), outra estreante de 2008, não vai pelo mesmo caminho de Duffy. Assim como a galesa, ela foi logo chamada pela imprensa britânica de “a nova Amy Winehouse”, mas a comparação não procede. O som de 19, seu primeiro álbum, é bem diferente de qualquer música de Amy e, ao contrário do trabalho de Duffy, aponta pro futuro, e não pro passado.

E por falar em jazz, o que vocês acharam das atrações do Tim Festival deste ano? O evento foi considerado o mais fraco das últimas edições e ainda teve duas baixas decisivas às vésperas do evento: a banda americana The Gossip e o inglês Paul Weller. Mas muita gente conheceu a contra-baixista e cantora de jazz americana Esperalza Spalding. Não fui a nenhum show e nem a conhecia, mas assim que ouvi o álbum Esperanza, há cerca de três semanas, bateu um arrependimento enorme. Ela é imperdível. As músicas flertam com vários estilos, inclusive a MPB e o pop. Em Esperanza, ela abre o álbum com Ponta de Areia (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos) e encerra com Samba em Prelúdio (Vinícius de Moraes e Baden Powell). Tudo em português impecável e com originalidade de sobra. Body and Soul aparece em versão em espanhol. Entre as composições próprias, que predominam no trabalho, I Know You Know é a melhor, com muito suingado e flerte ao universo pop.

E ainda teve muita coisa que rolou. O ano que está no fim ainda rende muitos posts... Aguardem!

Fotos: Divulgação.
Categories:

1 comentários:

Anônimo disse...

Alter ego,

Bom que você voltou !

Beijos