
O Black Sabbath vinha de uma sequência fantástica no começo dos anos 80. A saída de Ozzy poderia ser o fundo do poço para a banda, mas a entrada de Ronnie James Dio permitiu o nascimento de dois petardos do rock pesado: Heaven & hell (1980) e Mob rules (1981). Em 1982, Dio e o baterista Vinnie Appice saíram da banda após desentendimentos na mixagem de Live evil e, mais uma vez, o Sabbath ficou à deriva. A solução para manter o pique foi chamar Ian Gillan, vocalista da formação clássica do Deep Purple, que na época preparava-se para voltar à ativa com a banda. Como o projeto não andava, ele topou cantar com os "rivais" da década anterior.
Born again deveria ser o renascimento do Sabbath, como sugere o nome, mas, pra quase todo mundo, ele acabou sendo uma verdadeira pá de cal. A lista de aparentes equívocos não é pequena: em vários momentos fica a sensação de que a banda "quer" soar como o Purple. Para um fã dos trabalhos clássicos do Sabbath esse erro já seria mortal. Junte a isso a postura de Gillan, que não combinava em nada com o clima soturno de Iommi e cia, e uma produção/mixagem meio porca. Pro "estrago" ficar completo, a capa do disco é uma das coisas mais medonhas do mundo, fazendo a minha definição de "patinho feio" soar como eufemismo...

Disturbing the Priest talvez seja o melhor exemplo da fusão bizarra entre a voz estridente de Gillan e o peso do Sabbath. Não soa como nenhuma das duas bandas. É quando você arremessa o disco pela janela ou abraça a causa de vez. A inspiração da letra veio depois que um padre reclamou do barulho que a banda fazia durante as gravações. Os integrantes pediram desculpas, saíram para tomar uma cerveja e nasceu a música.
Até aí, Born again seria um álbum divertido, estranho, controverso e ponto final. Mas eis que surge a faixa-título, já no lado B da bolacha original, exigindo o status de clássico instantâneo, na maior cara-de-pau. Born again, a música, é emocionante e perturbadora (everybody's got think like a hunter/ just search for your prey), um golaço do "Deep Sabbath".
Depois de fazer essa defesa afetiva, alguém pode chegar e dizer: "mas os próprios caras do Sabbath e o Ian Gillan desprezam esse disco, eles reconhecem que ele foi um erro". Eu sei, mas não importa. Isso só confirma que Born again é um dos "melhores-piores" discos da história do rock.
O "clipe bagaceira" de Trashed tem duas versões. Fiquemos logicamente com aquela que foi censurada.
2 comentários:
PH, apesar de eu não ter gabarito para argumentar a favor ou contra sobre este segmento (rs), muito bom texto. =)
E sobre o vídeo, ok, medo.
Esse vídeo é clássico!
Eu gosto do disco, apesar de achar que é um trabalho abaixo da média da banda, e realmente a fusão entre os dois não deu muito certo.
Ainda bem que o Ian Gillan voltou pro Deep Purple!
Abraços
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