:::: MENU ::::

10 de abr. de 2009

Qual é o significado de um show do Kiss hoje em dia? O que quatro tiozões fantasiados e musicalmente decadentes podem nos ensinar sobre rock’n’roll em pleno 2009? Fui à Praça da Apoteose nesta quarta-feira semi-chuvosa pra conferir a apresentação da banda disposto a desvendar essas e outras perguntas que, acreditem, nos dão muitas pistas sobre o rumo da música pop atual.

O Kiss, vamos deixar bem claro, nunca foi uma unanimidade entre roqueiros e, muito menos, entre não-roqueiros. O visual caricato e o abuso de todos os clichês do gênero rock’n’roll, sejam eles musicais ou comportamentais, sempre abriu margem para os detratores meterem o malho na banda. Gene Simmons e companhia realmente nunca tiveram medo de parecer rídiculos, desde que a recompensa financeira valesse a pena. Não demorou para que o justo rótulo de banda “farofa” passasse a figurar como adjetivo recorrente do Kiss.

Antes mesmo de sair em defesa com argumentos sérios eu digo: O Kiss é a melhor banda “farofa” que já existiu! Eles podem ter 30, 40, 50 ou 60 anos, mas um show desses caras é certeza de diversão garantida, exatamente como um circo à moda antiga de atrações e números previsíveis e ainda assim, fantásticos.

Mas o principal mesmo é a música. Temas consistentes de guitarra, linhas de baixo marcantes, letras sacanas e festivas, melodias assobiáveis, enfim, os ingredientes irresistíveis do bom e velho rock’n’roll quase sempre estiveram presente nas canções do Kiss. Que mal há nisso?

Um show do Kiss é uma lição bem dada nessa geração obrigada a escolher entre dois perfis lastimáveis de “rockstar”: o que assume um ar intelectualóide-blasé e o filhinho de papai pré-fabricado e insosso que curte seus 15 minutos de fama nas listas de mais pedidas. Evidentemente, há exceções.

Sobre o show que vi serei breve, mas alguns pontos devem ser destacados:

A atual turnê da banda comemora os 35 anos do álbum Alive. No repertório estão muitos clássicos presentes no disco, como Deuce, Strutter, Cold Gin, Rock’n’Roll All Nite, Black Diamond e She. Eles foram além, tocaram outro punhado de sucessos, como Detroit Rock City, I Was Made for Lovin You Baby, Shout It Out Loud e I Love It Loud. Ainda assim, saí da Praça da Apoteose sentindo falta de God of Thunder, Sure Know Something, Beth, Calling Dr. Love, God Gave Rock’n’Roll to You, entre tantas outras canções históricas. Mas aí, meus amigos, imaginem quantas horas de show seriam necessárias?

Apenas Paul Stanley (guitarra/vocal) e Gene Simmons (baixo/vocal) eram os integrantes originais do Kiss. Eric Singer (bateria) e Tommy Thayer (guitarra solo) vestiram as fantasias de Peter Criss e Ace Frehley, e, acreditem, pareciam “sósias” dos velhos astros. No entanto, não acho que esse “empréstimo de fantasias” tenha ficado claro para os fãs.

Devido à chuva, o número em que Paul Stanley atravessa a platéia suspenso por um cabo não aconteceu. A consequência foi a imperdoável retirada de Love Gun do set list.

No mais, todas as pirotecnias imperdíveis do Kiss estavam lá: Gene Simmons cuspindo sangue de mentira, bateria erguida às alturas, muitos foguetes, muitos fogos e chuva de papel picado.

Alguns cliques da noite.





Set list:
Deuce, Strutter, Got To Choose, Hotter Than Hell, Nothin To Lose, C’mon And Love Me, Parasite, She / (Tommy Thayer Solo), Watchin You, 100,000 Years / (Eric Singer Solo), Cold Gin, Let Me Go Rock N Roll, Black Diamond, Rock & Roll All Nite.

Bis:
Shout It Out Loud, Lick It Up (Gene Solo) / I Love It Loud, I Was Made For Lovin You, Love Gun (cancelada).

Fotos: PH
Categories:

0 comentários: